quinta-feira, 6 de setembro de 2012


porque há um excesso de céu nos olhos seus deixei
amanhecer páginas em branco sobre a neve para te conhecer.
porque há um excesso de céu nos olhos seus todos os nomes
do amor escrevi para te esquecer.
porque há um excesso de céu nos olhos seus noite a noite
tenho que te perder em tudo que for preciso. porque há um
excesso de céu nos olhos seus entendi que para as magnólias só
o sentir tem sentido.
porque há um excesso de céu nos olhos seus de manhã li
lírios em teus delírios. porque há um excesso de céu nos olhos
seus de tarde vi verdade nas violetas.
porque há um excesso de céu nos olhos seus sei que se
temos uma crise depois temos crisântemos. porque há um
excesso de céu nos olhos seus ontem enterrei todos os
cadáveres das flores que a florista não quis.
porque há um excesso de céu nos olhos seus ignorei rasguei
todas as cartas que o outono me mandava. porque há um
excesso de céu nos olhos seus agora o inverno jamais irá saber
meu endereço outra vez.
porque há um excesso de céu nos olhos seus um telefonema
me despertou no meio da noite. era a primavera apreensiva e
ofegante. uma primavera repleta de relógios hesitantes.
porque há esse excesso de céu nos olhos seus um telefonema
me despertou no meio da noite no meio da manhã no meio da
tarde. era a primavera. e eu disse

sim.

Fernando Koproski
do livro Tudo que não sei sobre o amor

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