quinta-feira, 15 de agosto de 2013

E quem conhece melhor o coração de uma mulher, do que o Xico Sá? Há tempos este grande escritor, com textos com concentração etílica altamente bukowskiana, tem feito uma verdadeiro estudo da anatomia da perdição, seus porquês e suas desrazões. Basta ler algumas das crônicas geniais que ele publica todo dia na Folha de S. Paulo. E eu tive o prazer de ver ele escrevendo a orelha da minha segunda antologia poética do Bukowski: AMOR É TUDO QUE NÓS DISSEMOS QUE NÃO ERA:

Só penso na tal da poesia como Artonin Artaud, um grande artista, talvez o maior possível, em setembro de 1947, revelando ao seu psiquiatra de plantão a FALTA, com caixa alta mesmo nas letras, como no bilhete, do ópio. Faltou. Não queira saber do final da história desse cara.

Vamos em frente. Tudo é ausência, ressaca e elipse. Mesmo para quem achou que tudo era falsidade, poesia de araque, “Vá para o Tibete”, lerás mais adiante neste livro, e espere a salvação, como se em qualquer suposto lugar místico existisse a ideia da não-canalhice.“Seja um monge e beba chumbo grosso e cerveja”, como nos receita o autor destes versos, aí sim, estamos falando de um lugar qualquer do sagrado, poemas.

Com tradução do cara que já nos deu, e sempre nos oferta as melhores saideiras do Buk, Fernando Koproski, jamais abaixe a porta e nos jogue água nos pés, puerra! Boa, FK, prove para esses tarados que Bukowski é ainda mais genial nos poemas que na sua angustiada prosa comedora de gente qual terra de cemitério.

A dramaturgia da foda está, yesss, mais ainda nesse livro. Provo: “e a visão dela completamente nua me fez lembrar mais de/ meus dias no matadouro do que/ de Mozart/ mas, é claro, quem quer comer/ o Mozart?”

Enfim, sempre uma porrada na solenidade. Seja do gozo fácil, seja na morte barata. “6 garças paradas numa lagoa”. É estilo. Sócrates, o filósofo ou o boleiro, style. Os dinossauros velhos ou jovens? Estilo, mas chega de ilusões perdidas. “O sol não será visto e será sempre noite”.

Quer saber...? Leia esse livro com a lindeza das suas pernas cambaleantes. Como já casei com uma mulher sem uma perna, sou otimista: ela era a melhor das minas. Que tal ser um homem de verdade e não pensar nessas coisas?

Mulher é metonímia, parte pelo todo, e você não passa de um canalha covarde, certo? Perdeu, malaco: ela sempre se levanta como uma santa e diz algo. Se vai embora é problema seu, talvez se ficasse desse merda. Boa leitura.

Xico Sá

e aqui, uma bela crônica do Xico:

http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2013/08/13/para-entender-como-bate-o-coracao-de-uma-mulher/


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