sexta-feira, 6 de março de 2015

    a possibilidade de lua me atormenta. sei que não
será sutil, tampouco sensato quando ela chegar. a
lua nunca é discreta. confissões, desastres, intenção
de voo, suicídios, tudo que a gente for capaz
quando a lua daquele jeito no céu. sei que serei
inconsequente, certamente indesculpável. depois
que ela passar, vou me preocupar. tenho
atenuantes, não importa o que disserem. essa noite
azul o meu motivo, sem razões aparentes. depois
que a lua passar vou me preocupar. agora não, é
inútil, a lua não vai me deixar tão cedo. ela chega
inquestionável como um mar onde o delírio uma
música imprescindível. não adianta mais desviar o
olhar. nada mais há que eu possa fazer. agora a lua
é minha, minha e de mais ninguém.

Fernando Koproski
do livro “O livro de sonhos”

outros livros do autor estão aqui:

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