sábado, 19 de março de 2016

Sempre fui fã desse cara, de sua inteligência sensível e de sua sensibilidade inteligente. Seus romances, peças, contos, poemas e músicas me influenciaram e continuam me deixando de cara com sua honestidade, desenvoltura e coragem. Ele é um dos grandes Artistas que estão aqui entre nós, fazendo história. E eu tive a sorte de encontrá-lo algumas vezes, driblando as intempéries da noite com um bailado fudido e uma ginga inegável. Só podia ser o Marião, o meu amigo Mario Bortolotto... Ele escreveu esse texto incrível que está lá no meu romance CRÔNICA DE UM AMOR MORTO:
AS VÁRIAS MORTES DE FERNANDO KOPROSKI

Em primeiro lugar é preciso avisá-lo que você vai ler o romance de um poeta. Tradutor de Bukowski e Leonard Cohen. Um entusiasmado romântico, um franco atirador byroniano, alguém que se entrega rigorosamente a aventuras românticas e se destrói por elas resignadamente, mesmo porque ele não saberia fazer de outra maneira. Ciente disso, o leitor não deve estranhar o fato de que o primeiro alvo-musa do narrador seja uma aluna de dança flamenca. Todos os sinais indicam que Koproski há muito já está condenado pela poesia, pelos versos que ainda não escreveu, por não enxergar com nitidez a estrada dos desencantados e por isso mesmo entra sempre a 200 km/h na tal estrada com a obstinação de quem “não dispensa uma saideira”. E as mulheres vão se sucedendo implacáveis ao longo do livro e da vida do autor. Amores puros e aqueles que ele quer acreditar que são. Mulheres armadilhas com nomes míticos como Scarlett, Marie-Louise e Annabel Lee. Cantos de sereias que o Ulisses Koproski não pretende evitar. E entre inevitáveis brochadas e febris histórias de amor, Koproski nos conduz para dentro da fria noite curitibana dos românticos embriagados de saquê e poesia. O poeta não é um adepto da eutanásia. O poeta quando deseja a morte não a quer sem dor, a quer no campo de batalha, como um viking maluco ou um homem bomba que vai ao encontro de mil virgens. É com essa determinação que Koproski se movimenta no seu romance. Não é fácil matar o amor. Nós temos que acreditar que ele não vai morrer. É o que nos sustenta. É em nome dessa dívida que Koproski escreveu sobre o amor que ele ironicamente quer que acreditemos que está morto no capcioso título de seu livro. O poeta assim como os elefantes se afasta pra morrer sozinho. Quando o amor morre, o poeta morre junto. Por isso o poeta é capaz de morrer várias vezes em vida, e o faz com abnegação apaixonada. É um trâmite que lhe é intimo. E sendo assim é possível se entregar cambaleante “pingando pétalas de ipês pelo chão”.

Mário Bortolotto

E os livros do Koproski estão aqui:
NARCISO PARA MATAR
http://www.livrariascuritiba.com.br/para-matar-aut-paranaense-lv395563/p
CRÔNICA DE UM AMOR MORTO
http://www.livrariascuritiba.com.br/cronica-de-um-amor-morto-aut-paranaense-lv395564/p
A TEORIA DO ROMANCE NA PRÁTICA
http://www.livrariascuritiba.com.br/teoria-do-romance-na-pratica-a-aut-paranaense-lv395565/p

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