quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O meu livro “Narciso para matar” é um romance em versos, composto de 85 Cenas. Essa é a “Cena 12 – Criando um cenário”, onde o narrador antes de criar o conflito, imagina qual seria o cenário desse romance. Começa assim:

Agora que não tenho mais leitores
É que eu vou começar a escrever
Sem ter mais a quem dirigir amores
Falsos, versos de ocasião ou por quês

Agora não preciso mais escrever nada
Que eu não queira, não sinta, não veja
Pra me livrar dessas pessoas com inveja
As lágrimas agora são águas passadas

Passei água sanitária nas minhas páginas
Para deixar elas do mais puro branco
Assim se um dia eu limpar minhas lágrimas
Eu canto o amor mas daqui do meu canto

Ademais, quem quer ter carteirinha de poeta
Numa cidade onde o cinismo impera?
A falsidade está sempre de portas abertas
Para qualquer idiota que se desespera

Nessa cidade só a mesquinharia prolifera
Se você ainda não percebeu, paciência
Ainda vai ter que ver sua querida primavera
Secar e sucumbir diante da presença

Dessa doença que é o curitibano literato
Que acha que poeta bom é poeta morto
Pra ele poeta até pode vir de outro estado
Mas poeta mesmo só ele, nunca o outro

Conclusão:

A cidade natal do poeta falhou em recebê-lo como seu filho, seu poeta. Agora, portanto ele muda de cidade e passa a cantar não mais para uma mera cidade mas para seu país. Onde se exilou com sua amada, ali numa bela praia de Paraty, um poeta ainda será feliz.

Fernando Koproski
no romance NARCISO PARA MATAR (livro 1 da série “A complicada beleza”) Editora 7Letras
http://www.livrariascuritiba.com.br/narciso-para-matar-aut-paranaense-lv395563/p


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